Pérola do Amaral

Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense e é artista visual. Atua na interseção entre publicidade, arte e design, criando soluções visuais para diferentes necessidades de comunicação. Recentemente, tem se dedicado às áreas de educação e divulgação científica. Tem experiência nas áreas de Comunicação, Fotografia e Teatro, com ênfase nas atividades de direção de arte e produção.

Uma breve autobiografia, 

escrita no ano de 2020.

*Um agradecimento especial a todos os mestres que tive. 

Agradeço a vocês por acreditarem em mim quando eu mesma tive dúvidas.

A arte é uma forma de expressão que me acompanha desde criança. Pequena, eu já registrava sentimentos, pensamentos, ideias, frases e tudo o que pudesse ser ressignificado no papel. Entre contos, tintas, poesias, rabiscos, colagens, guardanapos, tecidos, papel de pão e diversos caderninhos antigos, nasce um blogue “Lixo e Purpurina" em 2004, que dá origem à minha primeira organização de escritos e imagens na era digital. O blogue mudou de nome algumas vezes, noutras saiu do ar, mas os textos originais se mantiveram e, com o passar dos anos, foram incorporados a novos textos. 


Com o advento do coronavírus, a engrenagem literária pôs-se a funcionar e, com a parceria da autora de Milpérolas - Sheila Ferraz -, nasceu nosso primeiro livro infantil ilustrado, para ajudar as crianças a lidar com suas emoções e sentimentos mais profundos. A experiência foi tão positiva que outros livros vieram à tona e, graças às empoderadas mulheres que me deram as mãos, iniciei uma trajetória mágica na ilustração de livros infanto-juvenis: "A corujinha do vovô", "Por um raio de sol" (ambos os textos de Sheila Ferraz) e "O Gato da Clara" (originado de um conto premiado de Denise Tavares).



Pérola do Amaral começou suas primeiras experiências artísticas com giz de cera nas paredes do apartamento em que morava com os pais. Quando criança, seu livro favorito era "O rei bigodeira e sua banheira", de Andrey Wood e Don Wood, "Procura-se Hugo" de Diléa Frate e "Amigos", de Helme Heine. Estas foram as principais inspirações para os primeiros livros ilustrados, diagramados no grampeador e carimbados pela "editora P". Na adolescência, "Mariana Adolescente Lua Crescente", de Sylvia Orthof e "O Pequeno Vampiro", de Angela Sommer-Bodenburg foram os livros mais marcantes. Mais tarde, entre buscas de novidades inspiradoras, um livro na estante de sua mãe (uma engenheira pesquisadora que sempre teve muito bom gosto para artes e literatura) chamou a sua atenção - "Ovelhas Negras", de Caio Fernando Abreu. Rubem Fonseca, Clarice Lispector, Jhon Fante, Fernando Pessoa, Julio Cortázar, Ana Cesar e Caio passaram a residir na sua mesa de cabeceira e eram rabiscados, relidos, citados e sublinhados diariamente. Matava muitas aulas de matemática e química na biblioteca. Escrevia e rabiscava no ônibus em movimento. Começou a colecionar caderninhos, que levava ao cinema, ao banheiro e para a cama. Quando estava em sala de aula, tinha sempre papel em branco e caneta nanquim. Aonde quer que vá, leva consigo papel e caneta, que é para nunca perder uma ideia. Mais do que desenhar, Pérola adora pintar. Filha de artista plástico, foi incentivada a rabiscar paredes, tecidos, madeiras e papéis. Costuma misturar aquarela, guache, acrílica, pastel, giz de cera, lápis de cor e até canetinhas. Recentemente, iniciou na era da pintura digital, uma tecnologia que veio a somar com as técnicas manuais.

Pérola do Amaral é graduada em publicidade e propaganda pela Universidade Federal Fluminense e é artista. O ballet clássico, o circo, o forró e o teatro fazem parte de sua construção humana. Dançou ballet clássico dos 5 aos 30 anos, mas nunca pensou na dança como profissão. Se apaixonou pelo circo (acrobacia aérea) na adolescência, e pela primeira vez pensou em seguir carreira artística. Quando criança, dizia querer ser cirurgiã plástica (rabiscava as bonecas, já ganhou um estetoscópio de Natal e também treinava injeções em laranjas), mas quando descobriu que envolvia química e biologia desistiu da ideia. O forró é o estilo musical que Pérola mais gosta, depois da música clássica. Xote, baião e xaxado. O Grande Encontro é seu grupo favorito de música brasileira. A pandemia interrompeu sua trajetória no teatro, com a peça "O Percevejo" (texto de Maiakovski adaptado pelo grupo), que estreou no Teatro dos Parlapatões, em São Paulo.

Com o novo estilo de cotidiano do corona vírus, Pérola pôde escapar longos períodos da cidade e compreender que na natureza não existe o tédio antes de anoitecer. Todas as perguntas calaram, e tudo fez realmente sentido pela primeira vez. Pérola plantou muitas árvores, salvou animais e rabiscou muito. Ilustrou livros infantis, revisitou textos & desenhos antigos e finalizou seu primeiro livro como autora, que sonha em breve publicar. A natureza foi o combustível necessário para lidar com todas as questões existenciais e ainda recarregar a energia de criar. As plantas foram ficando mais bonitas, porque agora elas já tinham com quem conversar. As águas limparam tudo aquilo que existia incompleto. Os pássaros apareceram mais perto, e algumas árvores produziram pela primeira vez. Toda a poda que podia ser feita foi. A natureza foi o remédio para todas as dores; e a arte, o combustível para a alma. Afinal, tem coisas que só a natureza e a arte salvam.